terça-feira, 22 de maio de 2012

Loteamento aterra área de manguezal no Jiquiá Alvo de especulação imobiliária, terreno foi invadido e teve árvores derrubadas. A Prefeitura do Recife apreendeu motosserras, foices e facões no local

Várias árvores da área protegida foram cortadas. / Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Várias árvores da área protegida foram cortadas.


Área de 2 mil metros quadrados de mangue está sendo aterrada no Jiquiá, Zona Oeste do Recife, provavelmente para dar lugar a um loteamento irregular. O terreno, na esquina das Ruas Jaguaruana e Príncipe da Beira, teve várias árvores derrubadas nos últimos três meses, apesar da atuação da Brigada Ambiental. São mangues-brancos, muitos deles com quase 30 metros de altura.

Moradores informam que o lugar é alvo de especulação imobiliária. “É tipo uma grilagem. O pessoal vem e derruba e divide os lotes para depois vender”, declara João Bento Júnior, que há sete anos vive na rua Jaguaruana.

Ele e outros vizinhos dizem que agentes da Brigada Ambiental, vinculada à prefeitura, vistoriam a área quase diariamente. “Faz três meses que tá esse vaivém. Os guardas flagram, mas, quando eles vão embora, o pessoal volta a atuar”, relata o mecânico José Carlos Alves de Miranda, morador da Rua Príncipe da Beira.

O mecânico conta que chegou a demarcar um lote na área. “Vi o pessoal agindo e, como pago aluguel, contratei uma pessoa para fincar umas estacas para mim. O serviço custou R$ 150. No dia seguinte um policial que todo mundo diz ser o cara que comanda a invasão foi na minha oficina e me ameaçou. Ele disse que os lotes seriam vendidos para umas famílias que vinham do interior”, descreve. “Ele mora aqui perto e tem casa própria”, denuncia.

O diretor de meio ambiente da prefeitura, Clovis Barreto, afirma ter apreendido motosserras, foices e facões. “Até um trator nós recolhemos, semana passada”, relata. “Também conduzimos gente para a Delegacia de Meio Ambiente, mas é como uma briga de gato e rato, não tem fim.”

Segundo ele, os crimes cometidos pelos infratores são ocupação irregular e supressão de vegetação de Área de Preservação Permanente (APP). “Estamos pensando em montar guarda permanentemente no local”, adianta. Para Clóvis Barreto, a proximidade com o Parque Jiquiá tem estimulado a especulação imobiliária no bairro. “As pessoas querem ocupar o entorno do parque para ter direito à indenização”, infere.

O professor Paulo Cahu, que mora na Rua Príncipe da Beira, diz que a construção do Canal do Iraque, pela prefeitura, facilitou a invasão. “A empreiteira tampou a comunicação natural que havia entre o Rio Tejipió e o mangue. O solo secou e ficou mais fácil desmatar e aterrar”, revela.

Preocupado com a favelização da área e com a preservação do manguezal, ele bancou o cercamento de outro trecho de mangue do bairro, próximo ao que está sendo desmatado. E afixou placas informando se tratar de APP.

Um comentário:

manuella disse...

se a fiscalização desas áreas fossem um pouco mais rígidas isto não estaria acontecendo a não ser que houvesse acobertamneto por parte de fiscais, pois foram descobertos agora, mas quanto tempo será que estão lá?

A NATUREZA DESTRUIDA HOJE SERÁ A MESMA QUE AMANHÃ FARÁ FALTA!