quarta-feira, 23 de maio de 2012

O perigo do excesso de fios e gambiarras Fogo que destruiu loja na Rua da Praia, no Centro, expõe o risco das ligações elétricas irregulares. Testemunhas afirmam que o problema foi causado por curto-circuito

Excesso de fios pode gerar risco de incêndio / Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Excesso de fios pode gerar risco de incêndio


Entra ano, sai ano e o emaranhado de fios nos postes do Recife aumenta sem parar. Cabos de eletricidade e de companhias telefônicas pairam sobre pedestres e comerciantes no entorno do Mercado de São José, no Centro. O incêndio ocorrido na última segunda-feira, que destruiu uma loja na Rua da Praia, acendeu o alerta de perigo para as pessoas que circulam e trabalham na área. O laudo oficial sobre as causas ainda não foi divulgado, mas testemunhas afirmaram que o fogo começou após um curto-circuito no poste que fica em frente ao estabelecimento. Apesar de, em sua maioria, serem legalizadas, as instalações também agridem a paisagem da capital.

Vizinho do estabelecimento que pegou fogo anteontem, o comerciante Carlos Alberto Fabrício teme que o mesmo possa acontecer com a sua loja. "O poste em frente ao meu negócio tem um transformador enorme e é cheio de fios. Não vejo a Celpe por aqui. Ele só aparecem quando atrasamos o pagamento da conta." Segundo ele, os bombeiros precisaram entrar em seu estabelecimento para combater as chamas. "Não fomos muito afetados. Só troquei a fiação da parte de cima para evitar algum curto-circuito", disse Fabrício.

Na Rua do Porão, ao lado do mercado, uma grande quantidade de fios passa em frente aos antigos casarões da via. Os comerciantes ambulantes que trabalham na área possuem energia nas barracas, mas tudo é controlado pela Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). "Trabalho aqui há 10 anos e tenho luz e energia pra ligar um televisor e um ventilador. Pago a conta que varia entre R$ 35 e R$ 40", disse o comerciante Isaac Rodrigues.

A diretora de Controle Urbano do Recife (Dircon), Roberta Valença, afirma que há duas leis que regulamentam a instalação de fios na cidade, mas nenhuma é cumprida pelas concessionários de telefonia e TV a cabo. "Para nós, é difícil fiscalizar, pois no emaranhado de fios não há identificação da empresa que o instalou. E como se trata de um serviço essencial, não podemos tomar medidas radicais e cortar." Segundo ela, a multa prevista em lei pode chegar a R$ 3.500.

Já a Celpe informou que técnicos da empresa não constataram qualquer indício que relacione o incêndio de segunda-feira à rede elétrica da concessionária. Em nota, a companhia também afirmou que os medidores de energia de pequenos comércios no Centro estão em conformidade com a norma brasileira NBR 5410, garantindo, assim, a segurança dos comerciantes e da população. "A Celpe esclarece que promove regularmente ações de manutenção em toda a rede elétrica e fiscalizações periódicas para coibir ligações clandestinas", concluiu a nota.

O incêndio na distribuidora Casa Brasa, na Rua da Praia, começou por volta das 18h30. O estabelecimento, que estava abastecido com tintas, vernizes e materiais para dedetização, já estava fechado, o que dificultou o trabalho dos bombeiros. Ninguém ficou ferido.

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