quarta-feira, 23 de maio de 2012


Abutres à espreita


Desde abril, quando um problema na Adutora do Oeste deixou sem água por semanas os moradores do Sertão do Araripe, começaram a chover denúncias de comércio irregular de água. Em Ouricuri, houve relato de que caminhões-pipa estariam abastecendo no reservatório da própria Compesa para vender à população. Isso é apenas um ensaio do que virá pela frente caso não haja fiscalização no fornecimento desse e de outros recursos que serão distribuídos nos municípios atingidos pela seca.
Ciente disso, a rede de entidades Articulação no Semiárido (ASA) lançou um documento, prevenindo governos e sociedade civil do uso política da água neste ano de eleições municipais. Quem mora ou conhece bem o Sertão sabe que não precisa ter dons premonitórios para antever tal situação. Estado de emergência significa dispensa de licitação. Ou seja, comprar sem protocolo e distribuir como bem entender. E ser atingido pela seca, simplesmente, não garante benefício. Além de flagelado, é preciso votar no candidato “certo”.
Infelizmente, a estiagem é uma calamidade apenas para agropecuaristas, comerciantes que veem o capital sumir e a população da zona rural. Mas há quem lucre com ela, usando como poder de barganha os recursos públicos. A ideia da ASA de um disque-denúncia pode ajudar a salvar a lavoura se houver empenho da autoridades competentes na apuração das denúncias e punição dos responsáveis.

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