sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Moradores de comunidade cortada por rio se equilibram em pontes inseguras




As cerca de sete mil pessoas que moram em Boca da Mata, uma comunidade localizada em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, aprenderam a ser verdadeiros “equilibristas”. Isso porque três pontes que há na comunidade, situada no bairro de Caetés III e cortada pelo rio Timbó, não oferecem condições de segurança para os moradores passarem por elas.

Diariamente, os moradores precisam ter atenção para atravessar a passarela improvisada de madeira sobre o rio Timbó. “Nós estamos há mais de sete anos nessa situação. A prefeitura vem, tira foto e olha, mas não faz nada. As crianças, quando vão para a escola, e os deficientes visuais não têm condições nenhuma de passar por aqui [pela ponte]”, diz a moradora Maria de Fátima da Silva. 

A copeira Jaqueline Nascimento diz que, apesar de a ponte não oferecer segurança alguma, é o principal caminho utilizado pelos moradores. “Para tudo, a gente só usa esse caminho. Não tem outro do outro lado. Quando chove e cobre tudo é que a gente não passa mesmo. Não vai trabalhar, não sai para canto nenhum. Fica só dentro de casa”, conta.

A ponte de madeira fica na 3ª travessa da rua 40, e é um perigo para todos os moradores, principalmente para quem tem problemas de saúde. As pessoas caminham 200 metros e atravessam o rio Timbó por outra ponte, a que fica na 4ª travessa. O problema é que, no local, o acesso também está comprometido: a base está rachada, uma situação que deixa os moradores sem paciência.

“Minha casa é do outro lado e o único jeito é vir por aqui [pela ponte], pois não tem outro canto”, diz a dona de casa Vaneide Campos.

Há uma terceira ponte na comunidade que também tem problemas, a que fica na 2ª travessa da rua 40. Os moradores disseram que essa ponte foi construída há três anos, mas o muro de arrimo cedeu e a base não tem mais sustentação. 

A comunidade nunca teve uma ponte de cimento e, há 20 dias, a de madeira caiu. Depois disso, os moradores conseguiram o material de construção, mas a Prefeitura de Abreu e Lima impediu que eles fizessem a obra. 

“Faz sete anos que a gente está sofrendo com essa ponte de madeira e vem pedindo [ajuda] a prefeitura. Depois que a ponte caiu com a enchente que teve, há 20 dias, a prefeitura só veio uma vez. Fiz uma cobrança e eles disseram que iam mandar um marceneiro para fazer uma ponte de madeira provisoriamente, mas até hoje nada. Agora, temos todo o material que um empresário doou para a comunidade, temos cimento, areia, ferragem, tudo e mão de obra da comunidade. Eu ainda fui na prefeitura e pedi a um engenheiro para orientar a comunidade. Eles não fazem nem deixam a gente fazer. Está o material todo empacado, pois faz 15 dias que paramos de fazer. Fizemos duas colunas e não podemos fazer mais nada”, afirma o mecânico André Targino.

“Estamos nessa situação, esperando a boa vontade da prefeitura que venha fazer alguma coisa por esse povo”, reclama outra moradora do local.

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