quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Base aliada faz greve branca na Câmara




A primeira retaliação concreta às demissões nos ministérios e à demora na liberação de emendas de parlamentares ao Orçamento da União foi anunciada ontem por líderes da base aliada, que decidiram fazer uma "greve branca" e obstruir todas as votações na Câmara até a próxima semana, pelo menos. Além disso, o PMDB do vice-presidente Michel Temer e dos ministros Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo), dois ministérios envolvidos em denúncias de desvios de recursos e outras irregularidades, liderou a formação de um bloco informal com PR, PP, PTB e PSC, com 201 deputados. E deram recado claro ao Planalto em tom de ameaça: não votam nada até que os problemas sejam resolvidos.

Um líder partidário que participou da criação desse bloco informal resumiu os problemas: "Enquanto não resolver os problemas de emendas e cargos, não se vota mais nada. O que um partido decidir terá o apoio do outro. O ambiente no Congresso está péssimo, principalmente depois das investidas do Planalto contra os ministérios partidários".

"Há sim um clima de desconforto, de instabilidade em função dos últimos acontecimentos políticos. Mas há um esforço e é de interesse da sociedade que a estabilidade política volte na Câmara", afirmou o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).

Apesar de não existir no regimento a figura do bloco informal, os cinco partidos devem agir conjuntamente. Seus dirigentes cobram do Planalto um cronograma para liberar emendas, além de tratamento mais solidário. O Planalto prometeu apresentar proposta na terça-feira. "Há quanto tempo venho avisando que há insatisfação generalizada na base? O resultado, vemos agora: ninguém vota nada", resumiu o líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG).

Dentro da ação do governo para contornar a insatisfação, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) procurou o ex-ministro Alfredo Nascimento. E, no meio da tarde, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), reuniu-se com líderes aliados e o presidente da Casa, Marco Maia (PT-SP), para uma última tentativa de retomar as votações. Sem sucesso. "Fui informado de que eu teria muito problema hoje (ontem). Dificilmente haverá quórum. Há um cansaço, uma fadiga. Mas acho que semana que vem melhora", disse Vaccarezza. À noite, as reuniões continuaram. Sem acordo, votação, só semana que vem.

Em outra ação, os partidos aliados decidiram se unir para blindar seus ministros. Numa operação orquestrada na Câmara e o no Senado, o PMDB e o PT se aliaram para defender os ministros da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), e das Cidades, Mário Negromonte, do PP. Ambos estiveram ontem no Congresso para explicar denúncias de corrupção em suas pastas. O escudo de proteção em torno de Negromonte foi tão forte que o seu depoimento à Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara acabou transformando-se em ato de desagravo.

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