segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Parto demora 18 horas e mãe e bebê morrem

Mãe e recém-nascido morreram nesse sábado (20) após a realização de um parto na Casa de Saúde João Alfredo, em Barreiros, na Mata Sul do Estado. A família da fotógrafa Marcela Maria da Silva, 21 anos, denuncia que houve negligência médica. Revela que a jovem esperou 18 horas por atendimento obstétrico porque não havia especialista no plantão. Os parentes pretendem denunciar o caso ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe) e à polícia.O pai da fotógrafa, Amaro José Félix da Silva, que esteve nesse domingo no Recife para liberar o corpo no Instituto de Medicina Legal (IML), contou que a filha começou a sentir as contrações na manhã de sexta-feira. Ao meio-dia, chegou à unidade que funciona no lugar do Hospital Municipal de Barreiros, destruído pelas chuvas do ano passado, sendo encaminhada, em seguida, para a Casa de Saúde João Alfredo, que fica ao lado. Um obstetra deveria estar de plantão no local. “Pelas informações que nós tivemos, ele tinha ido para o Recife. Só havia um clínico. Minha filha foi examinada por ele e, depois, por uma mulher, que fez o toque e viu que Marcela estava pronta para ter o bebê. Mesmo assim, o médico não apareceu de imediato. Minha filha ficou sofrendo e somente às 6h do sábado ele chegou.”

Para provar que a filha morreu por não ter recebido o atendimento médico devido, Amaro contou que a parteira chegou a ligar para o obstetra de plantão, pedindo que ele fosse com urgência para o hospital. “Ela disse que o caso era grave, mas ele só chegou no outro dia. Foi logo indo para a sala de cirurgia e, quando saiu de lá, estava muito nervoso. Passou por mim e disse ‘o menino está morto’, apenas, se referindo ao meu neto”, disse. Segundo Amaro, depois de todo sofrimento e de saber que o filho tinha morrido, a fotógrafa ainda teve que esperar mais de duas horas para ser transferida para o Recife, devido à gravidade do estado de saúde.

Marcela morreu no Hospital Dom Hélder Câmara, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana, três horas depois de dar entrada. O diretor médico do hospital, Audes Feitosa, revelou que a jovem chegou em estado gravíssimo. “Ela perdeu muito sangue, chegando com um quadro grave de anemia”, explicou. 

O administrador da Casa de Saúde João Alfredo, Manuel Miranda Júnior, disse que tudo não passou de uma fatalidade. Admitiu que a Casa de Saúde não tem obstetra de plantão nos fins de semana, mas que um especialista fica de prontidão para casos de emergência. Revelou, porém, que foi um clínico que acompanhou a evolução da paciente até o momento em que houve necessidade de acionar o obstetra. “Não houve negligência.”

Ao ser questionado sobre a necessidade de transferência da fotógrafa para o Recife, apesar do Estado grave, Manuel Miranda explicou que a Casa de Saúde não tinha banco de sangue e anestesista para realizar a cirurgia. “As chuvas destruíram tudo. Por isso, entramos em contato com a central de transferência e a paciente saiu de lá com uma senha para ser internada no Recife.”

Marcela e o bebê serão enterrados juntos nesta segunda (22), às 10h, no cemitério de Barreiros.

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