domingo, 21 de agosto de 2011

Os engarrafamentos mudaram de lugar

Espinha dorsal do trânsito do Recife, a avenida Agamenon Magalhães passou por um processo de modificação há cerca de um mês. Ainda no processo de adaptação, os motoristas que transitam pela via e pelo seu entorno têm que se acostumar com as mudanças, que aliviaram o trânsito na via principal, mas acabaram por sobrecarregar outros pontos da Cidade, como a avenida Norte, e outras vias dos bairros da Encruzilhada, Graças, Aflitos.

Mesmo com as modificações, cortar a cidade pela Agamenon continua dando dor de cabeça para os transeuntes, que reclamam que engarrafamentos já não têm hora certa para acontecer. A falta de soluções de transporte público de qualidade, o uso do solo de forma irracional e a inserção de mais de oito mil novos veículos todos os meses nas vias da Região Metropolitana do Recife (RMR) criaram uma situação que toma o tempo e a qualidade de vida do recifense.

Quando o ônibus chegou nas proximidades do Mercado de Água Fria, na Zona Norte do Recife, no meio dessa semana, já dava para sentir que a viagem para o Bairro do Recife, no Centro da Capital, a apenas oito quilômetros de distância, iria se arrastar por mais tempo do que o normal. Quem precisa pegar o ônibus da linha Cajueiro, ou qualquer outro que siga pela avenida Beberibe, sobretudo no sentido subúrbio-cidade, já sabe que nesse ponto do caminho é possível fazer uma previsão de quanto tempo o percurso vai demorar.

O coletivo passou pela avenida “varrendo” as pessoas a caminho do trabalho, das compras, da resolução dos problemas do dia a dia com mais lentidão do que era de costume. Em frente ao Estádio do Arruda, a paciência matinal dos passageiros, já acostumados aos engarrafamentos do horário, começava a se esvair. A saída do terminal acontecera às 08h20, depois de quase meia hora de espera, já que todos os coletivos da frota estavam “presos” no engarrafamento. O relógio já apontava 8h45 e tudo o que tinha sido possível alcançar foram os arredores do Largo da Encruzilhada.

À essa altura, alguns já sacavam seus celulares. Chefes, amigos, parentes, todos recebiam o aviso que hoje, fulano chegaria atrasado. Mais dez minutos e nada de o trânsito “andar”, nem que fosse um pouquinho. Do lado de fora era possível ver alguns motoristas descendo dos coletivos para conversar e acender um cigarro - já que nada era possível fazer, além disso.

Nesse momento, um passageiro reclama do engarrafamento e a cobradora do ônibus boceja e comenta: “Desde que fizeram aquela mudança na Agamenon está desse jeito por aqui”. Ele retrucou com um “mas a essa hora?”. Houve tréplica: “Ah, moço, num tem mais hora certa de engarrafamento não, por que desde as 7h a situação é essa”.

Ao todo, foram quase 40 minutos apenas para contornar o largo. Depois disso, mais trânsito lento, porém sem tanto tempo parado, ao passar pela rua 48, avenida João de Barros, rua Princesa Izabel, Praça da República, avenida Rio Branco, e, finalmente, avenida Cais do Apolo.
Por fim, o relógio cravava 9h40 quando, finalmente, o automóvel atravessou a ponte Buarque de Macedo e abriu as suas portas no ponto de retorno da viagem, no Bairro do Recife. Nesta parada, a única passageira que saltou caminhou para o prédio da Folha de Pernambuco, na avenida Marquês de Olinda. Apesar de ter saído de casa com uma hora e 15 minutos de antecedência, estava 40 minutos atrasada.

Desde então, a rotina já castigada pelo fluxo lento do trânsito caminha ainda mais lento para aqueles têm a Encruzilhada como passagem obrigatória. O congestionamento não tem horário e costuma se intensificar no começo da semana. Mais perto da sexta-feira, o fluxo costuma ficar mais livre. Ao longo da semana passada, por exemplo, o passageiro podia fazer o percurso em 50 minutos ou em uma hora e 15 minutos.

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