domingo, 14 de agosto de 2011

Moradores fotografam problemas do bairro e fazem exposição para cobrar soluções



Reprodução / TV GloboEsta solução criativa foi a forma encontrada pelos moradores de Maranguape 2, em Paulista, para pedir providências às autoridades; mostra tem 400 fotos

Os moradores de Maranguape 2, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, encontraram uma forma criativa para chamar a atenção das autoridades sobre os problemas existentes no bairro. A comunidade se mobilizou e tirou fotos dos problemas para pedir providências. Ao todo, são 400 fotografias e a exposição acontece neste domingo (14), na associação de moradores do bairro.

Avenidas com nome de letra, ruas chamadas por números. Em todas elas, o cenário é parecido: os 45 mil moradores de Maranguape 2 enfrentam muitos problemas. Na praça que fica na via principal do bairro, o buraco tem mais de dois metros de profundidade. Bem perto, mas na calçada, há outra cratera. Sem tampa também, uma armadilha, sobretudo em dias de chuva. Outro problema consiste no mercado público. O prédio está abandonado e, há anos, serve de moradia para cinco famílias. Em outro terreno, pode ser encontrada a obra parada de uma escola pública que iria atender as crianças do município.

Além de poder ser vistos no próprio local, esses e outros problemas também podem ser conferidos em fotografias. O terreno da escola foi um dos locais fotografados. Na placa, a informação de que o trabalho custou R$ 859 mil e deveria ter acabado em outubro do ano passado.

Ninguém é profissional de imagem, mas as fotografias dizem tudo. Mostram, por exemplo, os alagamentos no bairro. Em uma das imagens, é possível ver um homem que improvisou um barco para sair de casa. Ele se chama Nemias Aguiar (foto) e trabalha como técnico de refrigeração. “O barco foi para passar e ajudar as pessoas que iam trabalhar. Quando alaga, o volume de água é imenso e chega a dois metros”, conta.

O registro fotográfico foi feito entre 15 de junho e 30 de julho. A exposição mostra a lama, o esgoto, as ruas cheias de buraco, o aspecto de abandono observado por toda parte. Os moradores também vão expor os documentos que fizeram pedindo providências.

“Esses ofícios foram entregues ao Ministério Público, à Secretaria de Serviços Públicos, à Secretaria de Infraestrutura, à Compesa, mas nada é feito na minha comunidade”, reclama o catador Ronaldo Santos.


Após a realização da exposição, as fotos vão ficar na associação dos moradores, à disposição da comunidade. O estofador José Fernando Santos disse que ainda tem inspiração e motivo para muitos outros cliques. “Fui criando gosto pelo negócio, fui criando uma mania, e a nossa intenção é mostrar o descaso dos nossos administradores, que não fizeram nada. Não pretendo parar, vou continuar porque é uma coisa que entrou no sangue e, talvez, eu mude até de profissão e vou ser fotógrafo”, diz.

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