sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sem calçadas e com chuvas, acesso fica ainda mais difícil para cadeirantes




Escapar de buracos e alagamentos é tarefa difícil para pedestres e motoristas. Imagine o sofrimento das pessoas que têm deficiência física. Na Vila dos Para-atletas, em Paulista, a água entrou nas casas e um delas foi atingida por uma barreira que caiu. Para os cadeirantes, o acesso, que já é complicado, piora ainda mais pela falta de calçamento.

Dona Maria de Lourdes conta que cinco pessoas que dormiam tiveram que sair às pressas momentos antes do deslizamento da barreira. O quarto dos fundos da casa foi totalmente destruído. Por sorte, o para-atleta João da Penha, viajou para competir e não estava no local.

“Ele é cadeirante. Sai da cadeira para a cama. Daqui que ele chegasse lá tinha morrido. Ele tinha sido o primeiro a morrer porque a cama dele é lá no canto”, diz dona Lourdes.

Na casa de Robson Ramalho, que também é deficiente físico, a água infiltrou pelas paredes e os quartos tiveram que ser desocupados. “Está tudo difícil, estou dormindo na sala, é muita água debaixo do chão da minha casa”, conta o para-atleta.

O mesmo ocorreu na casa onde mora o jogador da seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas, José Soares. No momento, ele participa de uma competição em São Paulo. A mulher dele, Taciana Maria da Silva, diz que a Defesa Civil de Paulista foi chamada para avaliar os perigos: “A Defesa Civil veio aqui e disse que ia mandar alguém para resolver a situação da gente e até agora nada”.

As casas ficam no centro de convivência Albert Sabin, a Vila dos Para-atletas, criada há 18 anos pelo Governo do Estado para dar suporte a portadores de deficiência física que praticam esportes. 

Várias construções ficam logo abaixo de uma barreira. Os moradores dizem que os deslizamentos de terra se tornaram comuns depois que a encosta foi ocupada por construções irregulares. A ex-campeã brasileira de tênis de mesa Jurene Lins espera uma solução.

“Aqui dentro nós não tínhamos esse problema, mas houve invasões em cima do morro e agora estamos sofrendo por conta de um problema que não é nosso, é de uma comunidade mal informada sobre o que estão fazendo”, lamenta.

No bairro do Janga, também em Paulista, o aposentado Edson Ribeiro de Freitas tem caminho livre com a cadeira de rodas só até a garagem de casa. As calçadas são desniveladas e a rua por onde ele passava está cheia de água de chuva que não escoou. “Pela profundidade, eu vou ficar atolado, alguém vai ter que me socorrer”, diz.

Edson Ribeiro diz que a obra de drenagem e calçamento da Rua Manoel de Aquino deveria ter ficado pronta há cerca de cinco anos. “A verba foi liberada pela Caixa Econômica Federal em 2006 para a Prefeitura de Paulista. E outubro nós solicitamos através da promotoria pública e foi decidido que em seis meses eles teriam que terminar a obra. E até agora nada”, conta o Edson.

A Prefeitura de Paulista admite que a obra de calçamento da Rua Manoel Aquino está atrasada. De acordo com a Secretaria de Infra-estrutura do município, o trabalho será feito quando acabar o período de chuva. Portanto, não há prazo para que o serviço seja iniciado, nem concluído. 

Já a coordenadora da Defesa Civil do Paulista, Marleide Santos, informou que já foram retiradas três famílias da Vila dos Para-atletas e que elas vão receber Auxílio-Moradia. A coordenadora disse, também, que a área da barreira onde há uma invasão está sendo monitorada e que outros moradores podem ser retirados se o risco aumentar.

A Vila dos Para-atletas foi construída pelo Governo do Estado. Por isso, a equipe de reportagem entrou em contato com Companhia de Habitação e Obras de Pernambuco (Cehab) para saber se algo pode ser feito para ajudar os moradores, mas, até agora, não obteve resposta

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