Falar um pouco de mim é complicado... Pois quando a gente é esquecido pelos outros em especial pelo poder público, a gente acaba esquecendo da nossa própria identidade.
Mas tenho certeza que já fui uma praça, ou melhor, dizendo, no meu pouco potencial que me resta ainda sou...
Lembro com saudade dos sorrisos das crianças que aqui vinham estar em meio seio, o resto da gangorra e a armação dos antigos balanços, não me deixam mentir.
Recordo também de alguns bancos que me enfeitavam e serviam para o papo das pessoas... Hoje me resta apenas um tão maltratado como aqueles que ainda o usufruem, não mais para sentar, mas para repousar como se fosse a única cama que eles têm. Digo que eles são tão esquecidos quanto eu, são excluídos também...
Às vezes penso que já sou um ensaio de pré-hospital em abandono, porque a maioria dos que aqui se abrigam são jovens, homens e mulheres tomados pelo álcool, a cola e a droga... E, isso não é caso de polícia, é de saúde pública... Mas compreendo que os esquecidos (excluídos) encontram em outro ser esquecido, no caso eu, um pouco do abrigo à minha sombra.
Já tive na verdade um nome bonito de: Praça do Torreão. Depois fui caindo no esquecimento total, até ser definida com outra identidade. Assim me marcaram, apelidaram-me na minha própria veia, cuja marca ainda está no esqueleto do resto de escorrego que faz parte de mim, de: “Praça da Maconha”... Daí em diante, caí no esquecimento total.
Ainda há um transeunte que me observa todas as manhãs, caminhando lentamente ao meu redor, em algo que já foi a minha calçada e fica dizendo para eu não me esquecer do que sou...
Mas já, não tenho mais forças... O lixo toma conta de mim toda noite e pela manhã vem um solitário senhor, recolher aquilo que outros espalharam e, assim ainda consigo respirar, resistindo por mais um dia.
Minhas árvores irmãs são resistentes mais do que eu... Ainda são fortes, mas com uma poda, ou um cuidado, elas seriam fascinantes.
Ah, como gostariam que eu pudesse ser lembrada! Que voltasse a ter um parque para animar as crianças e a todos que estão perto de mim...
Como gostaria de ter flores, bancos para que as pessoas pudessem se sentar, conversar, sentir a vida... Penso ainda que, se não fosse esquecida, uma boa calçada seria um estímulo para uma caminhada suave, sem pressa...
Sabe, eu não quero falar da noite, ela me amedontra... Pois aí, o esquecimento é total. Fico apenas com meus solitários postes - sem luz suficiente para dar segurança - e assim eu volto ao esquecimento, ou talvez numa fagulha de lembrança, dos que navegam fumando um baseado, afastando tantos outros que poderiam se lembrar de mim...
Pelo pouco de esperança que me resta, apelo para que eu possa ser lembrada.
Por favor, não se esqueçam de mim...
Mas tenho certeza que já fui uma praça, ou melhor, dizendo, no meu pouco potencial que me resta ainda sou...
Lembro com saudade dos sorrisos das crianças que aqui vinham estar em meio seio, o resto da gangorra e a armação dos antigos balanços, não me deixam mentir.
Recordo também de alguns bancos que me enfeitavam e serviam para o papo das pessoas... Hoje me resta apenas um tão maltratado como aqueles que ainda o usufruem, não mais para sentar, mas para repousar como se fosse a única cama que eles têm. Digo que eles são tão esquecidos quanto eu, são excluídos também...
Às vezes penso que já sou um ensaio de pré-hospital em abandono, porque a maioria dos que aqui se abrigam são jovens, homens e mulheres tomados pelo álcool, a cola e a droga... E, isso não é caso de polícia, é de saúde pública... Mas compreendo que os esquecidos (excluídos) encontram em outro ser esquecido, no caso eu, um pouco do abrigo à minha sombra.
Já tive na verdade um nome bonito de: Praça do Torreão. Depois fui caindo no esquecimento total, até ser definida com outra identidade. Assim me marcaram, apelidaram-me na minha própria veia, cuja marca ainda está no esqueleto do resto de escorrego que faz parte de mim, de: “Praça da Maconha”... Daí em diante, caí no esquecimento total.
Ainda há um transeunte que me observa todas as manhãs, caminhando lentamente ao meu redor, em algo que já foi a minha calçada e fica dizendo para eu não me esquecer do que sou...
Mas já, não tenho mais forças... O lixo toma conta de mim toda noite e pela manhã vem um solitário senhor, recolher aquilo que outros espalharam e, assim ainda consigo respirar, resistindo por mais um dia.
Minhas árvores irmãs são resistentes mais do que eu... Ainda são fortes, mas com uma poda, ou um cuidado, elas seriam fascinantes.
Ah, como gostariam que eu pudesse ser lembrada! Que voltasse a ter um parque para animar as crianças e a todos que estão perto de mim...
Como gostaria de ter flores, bancos para que as pessoas pudessem se sentar, conversar, sentir a vida... Penso ainda que, se não fosse esquecida, uma boa calçada seria um estímulo para uma caminhada suave, sem pressa...
Sabe, eu não quero falar da noite, ela me amedontra... Pois aí, o esquecimento é total. Fico apenas com meus solitários postes - sem luz suficiente para dar segurança - e assim eu volto ao esquecimento, ou talvez numa fagulha de lembrança, dos que navegam fumando um baseado, afastando tantos outros que poderiam se lembrar de mim...
Pelo pouco de esperança que me resta, apelo para que eu possa ser lembrada.
Por favor, não se esqueçam de mim...
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