terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Redação do Enem: e os critérios?

Pensem junto comigo, amores! (Permitam-me tratá-los assim, já que é assim que trato todos os meus alunos e alunas!)
Se o texto dissertativo é temático, então - quando se produz um texto dissertativo – deve-se procurar realçar determinada opinião sobre a base temática sugerida. Para redigir sobre tal base temática, interpreta-se - antes - o tema, e procura-se fazer, de imediato, um levantamento de ideias para, em seguida, selecionar as mais relevantes. 
Através de argumentos - quer sejam objetivos, quer subjetivos -, chega-se aos poucos a um resultado. Rascunho pronto. Revisão das ideias. Ajustes gramaticais. Texto definitivo. 
Um primeiro pedido:
- Pensem em um determinado grupo de alunos. Quarenta, cinquenta alunos.
Ao produzirem argumentos sobre um mesmo tema, há, sem dúvida, uma enorme diversidade de opiniões e argumentos, mesmo sem se deixar de valorizar a base temática em foco. São, portanto, quarenta, cinquenta textos diferentes uns dos outros, mas em atendimento à base temática. É a pura verdade! E fiquem certos de que faço uma afirmação inquestionável! 
Pois bem!
Faço-lhes mais um pedido: - Não desprezem a pista acima, e raciocinem comigo!
Redação do Enem. 
Várias opiniões sobre o tema escolhido são registradas - por escrito – não por quarenta, cinquenta alunos! Os textos são produzidos por mais de cinco milhões de alunos, candidatos a vagas em universidades de todo o país. 
Meus amores! Cinco milhões de candidatos! Registraram? 
Agora projetem uma contagem sequencial de um até mil. 
E até cem mil. 
E até um milhão. 
Cheguem a dois milhões. 
Projetem a contagem até chegar a três. 
A quatro. 
A cinco milhões de textos produzidos por candidatos dos mais diversificados lugares do país, das mais diversificadas escolas, orientados pelos mais diversificados professores e suas respectivas práticas pedagógicas...
Ufa!!! Ufa!!! Ufa!!!
Cinco milhões de redações do Enem.

Perguntem-se, e perguntem-se, e perguntem-se, agora: 
- Quem avalia/corrige tantas redações??? 
- Qual a formação de tantos profissionais? 
- Em que cantinho deste país, com dimensões continentais, estão os avaliadores que compõem o grupo (pode-se chamar de grupo...???) responsável por corrigir/avaliar cinco milhões de textos produzidos por cinco milhões de alunos? 
Repenso: pode-se considerar grupo um grupo indiscutivelmente tão heterogêneo? 
Perguntem-se: 
- Quais os critérios adotados para o processo de avaliação dos textos do Enem?
- O suposto grupo tem os critérios de avaliação/correção ao menos parcialmente sistematizados? (Confesso que gostaria imensamente que os tivesse! Eu juro que gostaria de estar me preocupando em vão... Por se tratar de uma fase tão importante na formação – e na própria vida - dos jovens-futuros-profissionais-brasileiros, juro que eu não gostaria de estar presenciando tanta insatisfação!).
Pois é! 
A realidade, hoje, é... a Redação do Enem. Cinco milhões de textos.
I-m-p-o-s-s-í-v-e-l haver homogeneidade no processo de correção/avaliação, em contexto e condições tais! 
Quantos profissionais corrigem a Redação do Enem?
Pois é, de novo!
Mesmo quando se trabalha – em um processo de correção/avaliação de redações – com um grupo de apenas quarenta, quarenta e cinco, cinquenta professores (e falo com real conhecimento de causa!), é necessário aproximá-los, o mais possível, uma, duas, três semanas antes do início do processo, por três, quatro vezes – o grupo completo -, a fim de melhor sistematizar as ações e os critérios avaliativos. Há, em se agindo assim, a responsabilidade de fazer com que um processo com base tão subjetiva – já que mexe com interpretação, e o ato de interpretar envolve conhecimento, vivências, experiências, concordâncias e discordâncias – torne-se o menos subjetivo possível.
- Há, portanto, possibilidade de homogeneização quanto aos critérios adotados para a correção dos textos produzidos pelos candidatos? 
- O que dizer, então, da Redação do Enem?
Meus amores, para o que já aconteceu, infelizmente, nada a fazer. É fato consumado. E o Edital que regula o Enem nem mesmo permite solicitar revisão do texto produzido, ou fazer vistas à avaliação de sabe-se-lá-quem-avaliou. 
O que fazer, então???
Tentar. Pedir. Agir. 
Juntar forças. Movimentar. Justificar.
Coerencializar o processo de correção das redações!
É isso!

A REDAÇÃO precisa voltar a fazer parte do processo vestibular regional!
A REDAÇÃO precisa voltar a ser corrigida com CRITÉRIO, através da homogeneização dos critérios. 
A REDAÇÃO precisa voltar a ficar aos cuidados do órgão responsável pela elaboração dos vestibulares das Federais de Pernambuco.
É isso, sim!!! 
Precisamos estabelecer parcerias em prol de uma causa justa. 
É uma questão de critério! 
O que vocês acham??? 
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E precisamos dar p-a-r-a-b-é-n-s à Universidade de Pernambuco - UPE - pela decisão de manter sob a responsabilidade da sua Comissão de Vestibular a avaliação dos textos produzidos por quase quarenta mil candidatos. Houve mudanças... mas eivada de critérios. Acredito.

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