segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cada qual com seu negócio


Uma ambulância sobe a rampa de emergência do Hospital da Restauração com uma vítima grave, apresentando ferimentos de arma de fogo. Tratava-se de um jovem de vinte e oito anos, com ferimentos transfixiantes no tórax. Dada a gravidade do caso, a vítima é passada à frente de outras para ter atendimento prioritário. Um jovem médico dá o primeiro laudo: Terceiro andar! Cirurgia. Por sorte, não era fim de semana.

Ao iniciar os preparativos para a intervenção, o médico que atendia o indigitado fita o rosto da vítima e fica pálido. Instantaneamente, corre-lhe um suor frio pela face. Puxa pela memória. Uma imagem não muito distante faz a conexão daquele rosto aflito com o olhar agressivo de um assaltante que o agredira e o ameaçara de morte há um mês.

Perdera o carro e os pertences numa investida de três jovens num assalto à mão armada. Além do carro, levaram carteira, celular, relógio, trancelim de ouro; inclusive, a maleta com o estetoscópio. De posse do retrato de sua mulher e filha, ameaçaram ir à sua residência em busca de mais dinheiro e jóias. Fizeram-lhe juras, que não foram de amor.

Depois das ameaças e de aflituosas discussões entre eles, resolveram deixá-lo num local ermo e distante. Já passava da meia-noite. Depois de caminhar por cerca de meia hora encontrou um arruado. Socorrido por um desconfiado transeunte foi levado a um orelhão.

Ligara para casa e depois para o 190. Atendido por um táxi que passara pelo local não esperou a assistência policial. Ansioso e ainda aturdido, chispou para casa.

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