Lixo e degradação ambiental comprovam falta de cuidados
Mesmo em menor quantidade, as árvores, sendo a maioria frutíferas, ainda estão por lá, mas um açude que era sinônimo de diversão, não existe mais. No lugar da água, o que se vê são resquícios de uma ação contínua e degradante, que, sem auxílio das autoridades competentes, revolta parte da comunidade.
Com a cerca destruída em sua maioria, o acesso à reserva não oferece critérios. Do lado de fora, na Estrada do Passarinho, basta passar de carro para ter uma noção do que acontece na área. Pedaços de panelas de barro, fotos, revistas e animais sacrificados, todos decorrentes de rituais de despachos realizados por terreiros que ficam próximos à mata são notórios no espaço e o mau cheiro pode ser sentido por quem circula na via. “Isso acontece com frequência e hoje a mata já é bem menor do que era antes”, pontuou o comerciante Paulo Ferreira, 50.
Para além dos rituais, a reserva também já foi local de desova de cadáveres em décadas anteriores, além de alvo de duas invasões. Com o tempo, as ameaças não cessaram e marcam o futuro da mata. A comunidade do Alto da Bondade já é prova viva da degradação. Na parte mais alta, as casas ficam a poucos metros da reserva, mas grande parte delas já foi construída em um terreno antes repleto de espécies centenárias. E ao contrário da vegetação o que se observa hoje é uma enorme quantidade de lixo.
“A mata virou uma lixeira a céu aberto e ninguém faz nada. O que estou vendo é uma tragédia ambiental que vai acabar com o fim da mata se não houver fiscalização da Prefeitura e de outros órgãos”, disse o produtor de rádio, Jonas Silva. A antiga imagem da mata ainda é presente na vida do produtor. “Várias vezes eu tomei banho no açude dentro da Mata. A água era cristalina e hoje está tudo assoreado, as riquezas naturais e as ervas medicinais estão sendo destruídas. Até os animais não são vistos mais na Mata”, contou.
O abandono do espaço não prejudicou apenas os moradores locais, como também os alunos da rede municipal de Olinda, que perderam um laboratório de Educação Ambiental. De competência da Prefeitura, a área denuncia o descaso já na entrada. Em uma pequena guarita sem sinalização, a entrada da reserva já traz uma surpresa. A vigilância do local é particular e paga por um vereador identificado apenas como “Júnior”. Dentro do espaço, casas que serviriam de unidades administrativas estão abandonadas e sem estrutura. Além delas, viveiros também estão desativados.
Hoje já existe um um plano aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) para recuperar a área física e recompor o trabalho de educação ambiental na Mata. Porém, nenhum sinal de obra foi observado na área e a reportagem não conseguiu contato com a Prefeitura de Olinda.
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