terça-feira, 31 de maio de 2011

IGREJA ABANDONADA VIRA PONTO DE CONSUMO DE CRACK



Moradores dizem que o local também vem sendo usada como motel
A Igreja de São João dos Militares, em Olinda, no Grande Recife, virou ponto de usuários de crack. Latas de refrigerantes cortadas e palitos de fósforos espalhados no piso da sacristia confirmam a denúncia de moradores do bairro do Amparo. O monumento tinha sido interditado em maio do ano passado, quando parte do telhado desabou. Hoje, encontra-se com a porta da sacristia quebrada e janelas abertas.
É pela sacristia que as pessoas entram. Além das latas e dos palitos, há panelas de barro, roupas rasgadas, garrafas quebradas, fezes humanas e jornais velhos no chão. O telhado da sala por trás do ossuário está quebrado e há velas no local. Penas e cocô de pombo são vistos em todos os cômodos da igreja.
De acordo com moradores, a destruição começou aos poucos, com o roubo dos tapumes que cercavam a igreja interditada. Em seguida, os andaimes na frente do templo católico também foram saqueados. As barras restantes dos andaimes são usadas como brinquedos por crianças e adolescentes. Depois, arrombaram a porta da sacristia. Vândalos tocam o sino de madrugada.
Temendo represálias, as famílias preferem não se identificar. Informam que a igreja também vem sendo usada como motel. “A insegurança é grande na comunidade”, avisam. “Não sei como deixam acontecer uma coisa dessa com um patrimônio tombado, no Sítio Histórico de Olinda. Interditaram o prédio, mas não fizeram nada”, lamenta. A Igreja de São João, construída em 1581, foi a primeira morada dos monges beneditinos em Olinda no fim do século 16.
O telhado desabou em 25 de maio de 2009. Como a igreja estava fechada, ninguém ficou ferido. A última reforma no templo tinha sido executada há mais de 30 anos. Desde então, sofre com falta de manutenção e com infestação de cupins. As celebrações estão canceladas desde 2004.
Frederico Almeida, superintendente local do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), disse que assinou no último dia 17 contrato com o Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada (Ceci) para fazer a restauração do monumento. “O contrato prevê uma obra-escola, com capacitação profissional da comunidade. Significa que moradores participarão do serviço”, explica.
Eles serão treinados em cinco modalidades: cantaria (pedra), alvenaria, ferreiro, carpintaria e pintura. “O trabalho está previsto para dez meses, com investimento de R$ 833 mil”, diz Almeida. Os recursos são do Iphan, com apoio da Prefeitura de Olinda, que fará a convocação da comunidade. Depois de pronta, a igreja abrigará a sede da Orquestra Sinfônica da cidade. Móveis e imagens de santos foram retirados do local em 2009, pelo Iphan. Um telhado provisório, feito pelo Iphan, protege o templo das intempéries.

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