quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Recife: um sepulcro caiado

Nem é preciso fazer pesquisa para concluir que saneamento básico não é o forte do Grande Recife, como indicou o levantamento do Instituto Trata Brasil, a partir de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2009. Basta dar uma volta pela Região Metropolitana para ver a quantidade de esgoto estourado que existe no Recife, Olinda, Jaboatão e outras cidades. Alguns, inclusive, já viram problema crônico, como o da Rua dos Prazeres, por trás do Imip.
A área saneada no Recife, hoje, é praticamente a mesma do início do século 20, quando o engenheiro Saturnino de Brito implantou o serviço no Bairro do Recife, Santo Antônio, São José, Boa Vista, Espinheiro, Graças e Casa Forte, cobrindo 21% da área da cidade, que abrigava 238.843 moradores em 1920. Hoje, a área saneada é de apenas 39% para uma população de 1.537.704 habitantes. Em termos proporcionais, isso significa que a situação é bem pior, com 61% da população usando fossas sépticas e despejando resíduos sem tratamento nos rios. Essa situação faz do Recife a 8ª pior capital do País no quesito.
Como se sabe, obra de esgotamento não costuma seduzir gestores públicos pela invisibilidade. O governo do Estado anuncia, com pompa, a construção de quatro viadutos na Avenida Agamenon Magalhães. Mas não percebe que os visitantes da Copa do Mundo vão enxergar o Recife exatamente como é: um sepulcro caiado. Belo por fora, podre por dentro.

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