sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Como no Velho Oeste

A nova estratégia do governo para reduzir os índices de homicídio é transformar o Estado em uma versão moderna do Velho Oeste americano, espalhando cartazes de “procurado” por toda parte. E tem até recompensa, oferecida pela ONG Disque-Denúncia para quem fornecer pista correta dos criminosos. A estratégia, ancorada em novas ferramentas tecnológicas, é válida se tiver apoio da população, mas não substitui medidas reconhecidamente mais eficazes como o desarmamento e a investigação policial bem conduzida.
Embora os homicídios em Pernambuco continuem em índices estratosféricos – quase quatro mil por ano -, até hoje não se sabe o que alavanca essa taxa. Falta um diagnóstico do crime. Por isso, depois de combater grupos de extermínios, o governo resolveu investir contra criminosos dito contumazes, em busca de melhores resultados. Mas, e se os crimes de proximidade, cometidos por pessoas sem antecedentes, forem maioria? Esses só podem ser prevenidos tirando os meios que possibilitam sua concretização: as armas. Mas não se vê ações policiais sistemáticas nesse sentido.
Outro problema é a investigação, que continua pecando principalmente no interior do Estado. No Sertão do Araripe não tem um perito para fazer um laudo. Se alguém for preso com droga, por exemplo, pode ser solto porque não há quem ateste a materialidade do crime. Talvez seja esse tipo de “soltura”, como disse o governador, que aumente os homicídios.

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