
Considerada uma das epidemias do século, a obesidade está relacionada a doenças como diabete, hipertensão e vários tipos de câncer.
E na mulher em idade fértil, o excesso de peso também causa impacto na saúde reprodutiva por promover o aparecimento de problemas hormonais e causar dificuldades específicas para o universo feminino engravidar.
Como mostra um estudo apresentado em encontro da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em Orlando, nos Estados Unidos, a redução do peso aumenta a fertilidade em mulheres.
O levantamento avaliou 566 mulheres com obesidade mórbida – destas, 31 tinham o diagnóstico de síndrome do ovário policístico, causado por um desequilíbrio hormonal.
Os pesquisadores alegam que as seis pacientes que queriam ter filhos conseguiram conceber três anos após o procedimento cirúrgico que auxiliou na eliminação do peso. “É comprovado que a fertilidade aumenta no período pós-cirúrgico”, destaca o médico Roberto Rizzi, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. “Pedimos às pacientes, contudo, para que esperem pelo menos um ano antes de tentar engravidar, pois esse é o período que ela ainda está eliminando peso.”
Existe uma relação entre a obesidade e a alteração da produção de insulina (liberada pelo pâncreas), que pode levar a uma condição de infertilidade. Esse problema está associado a ciclos menstruais irregulares, anovulação (diminuição ou parada da ovulação) e níveis elevados de hormônios. Juntos, todos esses fatores tendem a diminuir as chances de gestação.
O excesso de gordura corporal influencia ainda a produção do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH), essencial para regular a ovulação nas mulheres. Esse hormônio é responsável pela liberação do hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante (FSH), ambos fundamentais para o desenvolvimento de óvulos.
“Mulheres obesas que pensam em ser mãe precisam de um acompanhamento médico prévio, pois o risco de uma gestação complicada é muito alto, além da dificuldade para conseguir engravidar”, frisa Rizzi, que complementa: “Quanto maior o grau de obesidade, maior o problema para a mulher e para o feto”.
Ele ressalta que a cirurgia bariátrica é a última opção para o paciente que já tentou, sem sucesso, reduzir peso por métodos tradicionais, o que inclui reeducação alimentar e uso de medicamentos com orientação de um especialista.
A operação, no entanto, não garante a redução de peso em definitivo. O paciente precisa fazer uma adaptação à nova realidade, depois do procedimento cirúrgico, e contar com acompanhamento de profissionais da saúde.
“Há uma perda de peso considerável com a cirurgia. Para manter um corpo saudável, contudo, é preciso adotar hábitos saudáveis, como controlar a alimentação e praticar atividades físicas”, conclui Rizzi.
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