INFRAESTRUTURA Moradores de comunidades de Socó, Pantanal e Salinas acompanham de perto sucesso da área nobre do balneário, mas ainda lutam para ter acesso a saneamento

Um destino inexplorado no principal ponto turístico pernambucano espera ser percebido. Porto de Galinhas de baixo, como é conhecida informalmente a área que abrange as comunidades de Socó, Pantanal e Salinas, em Ipojuca, Grande Recife, é a parte de Porto de Galinhas que passa longe dos investimentos bilionários no município. Separados pela Estrada de Maracaípe da vila de Porto de Galinhas (de cima), os moradores assistem ao sucesso internacional do balneário de perto, mas ainda sonham com saneamento básico.
Se cada visita feita à parte desenvolvida de Porto garante novidades em oferta para quem vem de fora, a realidade de quem vive na área escanteada do distrito é oposta. Desde 2006, a população convive com rumores de melhorias para os vizinhos do mangue, que têm as casas invadidas pela água e pela lama a cada maré cheia. As obras que garantiriam saneamento básico para Socó e Salinas, com investimento de R$20 milhões, não saiu do papel por causa de problemas no processo de licitação. Depois disso, foram mais quatro anos de espera até que a gestão atual decidisse começar novas ações em benefício de Socó, Salinas, Merepe III e Pantanal.

A intervenção começou há oito meses na Rua Pantanal 2, quando abriram um buraco no meio da via. Apesar da presença dos trabalhadores e da promessa de acesso ao saneamento, os moradores não acreditam em mudanças significativas e reclamam da morosidade da obra. “Faz oito meses que cavaram essa cratera e eu não vejo diferença. Percebo tudo se resolver com muita facilidade onde passam os turistas, mas aqui qualquer serviço é uma novela”, diz Laudicéia Ferreira da Silva, que tem casa em Salinas, mas vive na residência da mãe, em Pantanal, porque não aguenta ser isolada pela lama que invade seu imóvel sempre que chove.
Energia elétrica regularizada é coisa que só começou a chegar a Pantanal na última quinta-feira. Antes, a luz só acendia com gambiarra. “Foram anos lutando pelo direito de receber energia como um cidadão digno. Agora a batalha é pela água encanada”, afirma o comerciante Eduardo José Arruda, morador da comunidade do Pantanal.

Além dessa, outra batalha de parcela dos moradores de Porto de baixo é pela moradia. Estabelecido na Rua Pantanal 1 há sete anos, o aposentado Luiz Barbosa da Silva, 68 anos, vive de improviso em um barraco de madeira. Ele ainda era carpinteiro na época que se solicitou permissão à prefeitura para construir uma casa na via. Como o Executivo não apontou nenhuma alternativa além da ocupação da área de mangue, Luiz Barbosa nunca chegou a investir na moradia, esperando que algum dia pudesse ser transferido para um canto mais seguro.
De acordo com o Secretário de Infraestrutura de Ipojuca, José Dias, as obras de saneamento básico nas comunidades de Porto de baixo estão previstas para serem concluídas em maio do ano que vem. No entanto, no início deste ano, a prefeitura anunciava a finalização dos trabalhos em maio de 2011.
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