Desde novembro do ano passado, os moradores de Caixa-d'Água, em Olinda, Grande Recife, questionam: como obras financiadas com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, são capazes de causar mais transtornos do que benefícios para a população? Como investir R$ 57 milhões em saneamento, drenagem e pavimentação e deixar ruas intransitáveis e cheias de lixo, já que os caminhões de coleta não conseguem trafegar?
Essa é a atual realidade de quem vive nas Ruas Possidônio Leite, Tenente Padilha e Francisco Gomes. As vias cortam a Avenida Leopoldino Canuto de Melo, a mais importante da localidade. Entulho, lama, buracos, canos estourados e falta de apoio do poder público causam sentimento de abandono.
Os problemas começaram quando a Rua Possidônio Leite teve o antigo asfalto destruído, sem aviso aos moradores. A falta de informação seguiu durante todo o primeiro semestre de 2011 e a população até hoje não sabe, ao menos, o prazo de conclusão previsto para o serviço. A lama acumulada nos buracos das calçadas e em toda a extensão da rua impossibilita a passagem de carros e dificulta a saída de casa. De acordo com os moradores, nem o horário de trabalho dos operários é organizado. "Eles ficam três dias seguidos, desaparecem e depois voltam", afirmam os moradores.
É nessa rua que crianças atravessam o lamaçal, diariamente, para ir à escola, localizada no início da via. "Não tem sinalização nem proteção para quem passa pela rua. Até para subir no que restou da antiga calçada é perigoso", afirma Mércia Amorim, 38 anos, uma das professoras do colégio.
A situação é ainda pior para os idosos e deficientes físicos. Dulce Leão, 72, só se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas. Como é impossível transitar pela rua de casa com o utensílio, ela precisa ser carregada por vizinhos e parentes até a avenida principal. O aposentado Rildo Barbosa, 74, segue rotina parecida. Paciente cardíaco e portador de catarata nos olhos, precisa ir ao hospital frequentemente e tem o acesso dificultado pelo caos na pista. "Meu cunhado para o carro em outra rua e as pessoas vão me ajudando a caminhar pela lama sem sofrer um acidentes", diz.
Muitos moradores que têm carro pagam, desde o início do quebra-quebra, cerca de R$40 mensais para manter os veículos em galpões em outras ruas.
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