Medo de sofrer um assalto cria o chamado estresse pré-traumático

A violência aumenta a sensação de que qualquer um pode se tornar vítima.
Entre pedestres e motorisas, foram 11 ontem a noite na Grande São Paulo.

Uma pedra no meio do caminho, não. Várias pedras. Uma delas destruiu a roda do carro. Essas são as armas que os bandidos usam na Marginal Pinheiros.

“Meu susto foi tão grande na hora do impacto. Fez um baita barulho na roda que minha preocupação era continuar andando. Passo de madrugada, dá medo. Eu faço esse caminho todo dia”, conta a jornalista Joana de Assis.

Nas ruas de um bairro de classe média alta de São Paulo, três bandidos fizeram um arrastão roubando celulares. Atacaram pelo menos nove pessoas.

“Parei o carro, estava saindo com celular na mão. Passaram três por mim. Ameaçaram, foram grosseiros”, relata a administradora Danielle Guimarães.

O empresário Reinaldo Gerônimo Marques não teve a mesma sorte de todas essas vítimas. Ele foi morto ontem em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Testemunhas disseram à polícia que ele estava dirigindo quando dois homens de terno numa moto se aproximaram e atiraram.

Para o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, especialista em violência urbana, casos como esses assustam quem mora em grandes cidades porque mostram que todos estão vulneráveis. Qualquer um pode se tornar vítima. A pessoa sofre por antecipação. Isso já tem até nome: o estresse pré-traumático.

“Aquilo que é um risco, que pode acontecer, a pessoa emocionalmente vive como se tivesse acontecendo com ela”, explica o psiquiatra. “Estamos vivendo esse clima de agressão, parece que tem um bandido atrás de cada cortina em casa, o que não é bem verdade.”

A polícia disse que o assassinato do empresário Reinaldo Gerônimo Marques foi uma execução. Informou que vai reforçar a segurança no local onde houve assaltos com pedras e que já prendeu os bandidos que roubaram os celulares.