É assim que funciona aterro sanitário para o qual a Funasa destinou R$1 milhãoO lixo é despejado no alto de uma colina, de cujas encostas escorre o chorume que termina no rio Maria Velha, um pequeno afluente do rio Merepe que deságua na praia de Muro Alto. Esta fica vizinha à famosa Porto de Galinhas, onde se concentram os principais e mais luxuosos resorts do litoral Sul de Pernambuco. Coincidência ou não, as areias do que já foi um paraíso já não são tão brancas e finas como costuma exaltar a propaganda oficial. Todos os detritos coletados pela prefeitura são atirados ao ar livre sem nenhum tratamento, entre os engenhos Água Fria e Caetés, a sete quilômetros da rodovia que dá acesso à praia de Porto de Galinhas. E chegam em caminhões em cujas caçambas há fotografias dos atrativos turísticos de Ipojuca, inclusive o mar cristalino e as piscinas dos arrecifes de coral de Porto de Galinhas. As imagens paradisíacas nos caminhões contrastam com o que se vê no meio do canavial. — Antes, os manguezais que ficam em Porto de Galinhas pareciam um tapete vermelho de tanto aratu, mas hoje nem unha de velho a gente acha — afirma Hilário da Silva, presidente da Associação de Pescadores de Áreas de Manguezais em Ipojuca, referindo-se ao crustáceo antes muito comum na região e a um molusco parecido com marisco, muito apreciado no Nordeste. De acordo com a prefeitura, a obra chegou a ser iniciada, mas foi interrompida porque os catadores não saíram do lixão. Versão contestada pelos homens que vivem na área. — Todo mundo aqui é humilde e gente de bem. A gente vive do que cata, é tudo trabalhador. Ninguém tem ajuda de nada e pobre não é ninguém e nem tem poder para impedir construção de aterro. Eles comeram o dinheiro e vêm botar a culpa na gente — reclama José Messias de Souza, de 32 anos, ex-cortador de cana e catador há 20. |
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