quinta-feira, 23 de junho de 2011

SEGURANÇA EM ABANDONO TOTAL





Cadáveres com muitos buracos de balas que evidenciam a cotidiana "justiça" do mundo do crime, que determina a aplicação de pena de morte, já não surpreendem nem a mais carola vovozinha do bairro.

Volto a questionar por absoluta ignorância (ignoro o plano de governo) o modelo de segurança pública que vem sendo aplicado nas ruas de nossas cidades. Admito por óbvio que é quase impossível evitar as execuções diárias patrocinadas pelo tráfico de drogas. Cadáveres com muitos buracos de balas que evidenciam a cotidiana "justiça" do mundo do crime, que determina a aplicação de pena de morte, já não surpreendem nem a mais carola vovozinha do bairro.

Em alguns bairros da Capital e de cidades da Região Metropolitana, a "lei" do mundo do crime impera, enquanto estudantes, trabalhadores e suas famílias se esgueiram tentando parecer invisíveis entre suas casas e as escuras paradas de ônibus. Os postos de saúde com sua clientela desvalida não só são presas fáceis para os "donos das bocas de fumo" da região como acabam sendo palco de cenas de violência.

Profissionais da área médica relutam em aceitar cumprir o expediente em postos sem qualquer segurança. As escolas funcionam na mesma medida: sem esquemas claros e ostensivos de acompanhamento dos alunos nos horários de entrada, recreio e saída dos turnos. Apenas quando um aluno é flagrado portando uma arma no interior de alguma escola, e o episódio vira manchete, a máquina pública se move apresentando imediato esquema de proteção à comunidade.

Desconfio que apenas durante o prazo de validade da notícia junto aos órgãos de imprensa. Saiu da mídia? O esquema desaparece.

Nas bucólicas ruas generosamente arborizadas de nossos bairros, caminhar despreocupada é quase uma aventura, pois a qualquer momento o cidadão pode ser vítima de um assalto ou mesmo morrer por um tênis ou um celular, a troco de nada.

As regiões que são brindadas com os famosos "points" preferidos da juventude para suas bebedeiras e algazarras noturnas viraram verdadeiras áreas de risco total, levando muitos comerciantes a desistir de manter suas portas abertas após o pôr-do-sol. Não apenas nas zonas de periferia, distantes do centro nervoso das cidades. Não.

O medo está espalhado de forma insidiosa e covarde por todos os lugares.

Outro dia, o padre de uma igreja, localizada em bairro tradicional da cidade, admoestou duas senhoras que conversavam alegremente ao final da missa das 18h, que não permanecessem na área, pois ela está dominada por "moradores de rua" violentos por serem "craqueiros".

Suas residências, único refúgio, fazem parte da nova modalidade de habitação: cercas eletrônicas, câmeras de segurança e uma figura sem identidade que aparentemente faz a "ronda", obedecendo a um esquema de segurança pago pela comunidade a uma empresa de vigilância particular.

Todas estas considerações são resultado de mais um final de semana no qual circulei de carro de Norte a Sul da cidade e, durante todos os trajetos, confesso indignada que não vi nenhum carro da policia militar , nem mesmo soldados em dupla fazendo a ronda, atividade que deve ter sido sepultada pela nova ordem dentro dos órgãos de segurança pública do nosso glorioso Estado.

A sensação de insegurança é avassaladora e nos permite questionar de forma direta ao governador quanto a sua política de segurança. Afinal, qual a estratégia de Estado, especialmente com respeito a PM, que constitucionalmente existe para oferecer policiamento ostensivo e preventivo a todos os cidadãos, contribuintes e eleitores?

O que fica é uma imensa tristeza pelo sentimento absurdo de impotência. O que podemos fazer para acabar ou minimizar essa condição de abandono total?
Márcio Morais

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